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quinta-feira, 27 de junho de 2013

terça-feira, 25 de junho de 2013

hoje o cenário chegou

como pode, não?
caminhar tanto tempo - em processo - sobre o desconhecido
sobre o espaço vazio
tal qual uma tela
cujo pintor ansioso
vaga
e vaga
sem pingar uma gota de tinta sequer

hoje o cenário chegou
um tabuleiro imenso
de 5 metros
por 5 metros
uma arena quadrangular
cheia de quinas
adesivos
carpetes
cordas
pregos
e grampos

uma cova rasa
amarga
da qual fazer-emos
a poesia nascer

como pode?
a uma semana da estreia
parir um filho
cuja feição

sem dúvida alguma

será desconhecida
completamente desconhecida.

há que se experimentar a dor
para só depois
bem experimentar o prazer.

assim espero
assim espero
...

Daqui a uma semana... no RJ


Daniel Carvalho Faria e Davi de Carvalho
Foto de Anna Clara Carvalho

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O Tomate

"O Tomate é boa fonte das vitaminas A, B e C, e de sais minerais como Fósforo, Ferro, Potássio e Magnésio. A vitamina A é indispensável para a normalidade da vista, mucosas e pele, auxilia o crescimento e evita infecções. As vitaminas do Complexo B ajudam na regularização do sistema nervoso e aparelho digestivo, tonificam o músculo cardíaco, colaboram para a pele e para o crescimento. Já a vitamina C, principal componente do tomate, resistência aos vasos sanguíneos, vitalidade às gengivas, evita a fragilidade dos ossos e má formação dos dentes, contribuindo no combate a infecções e cicatrização de ferimentos.

A cor, a firmeza e a sanidade são as características mais importantes na hora da compra. Os frutos devem estar mudando do verde para o maduro, para conservá-los em casa por mais tempo.
Evite comprar os frutos  verdes, com furos, manchas ou ferimentos. "

fonte: http://www.feagri.unicamp.br

As vírgulas do romance



Hoje, após mais um estudo-leitura do texto com Diogo, Davi e Dominique, fiquei pensando sobre algumas coisas do texto, da pontuação, da estrutura e de que forma ela cria paralelos com o universo de temas que estamos discutindo e refletindo. Fazendo os nossos 'apêndices'. "Vermelho Amargo",

Um universo cheio de vírgulas, de interrupções. A vírgula é a tradução visual de coisas interrompidas, ditas como a memória sabe fazer, por meio de surtos. A poesia se presta a esse tipo de apreensão. Até mais do que a prosa, com o seu fio contínuo.

sábado, 8 de junho de 2013

pausa

em meio compasso
para o quê, exatamente?

para nutrir vida
no compasso acelerado
da criação.

sem rima,
assim mesmo
sem sofrimento

como compor a composição?

dando tempo ao intento

se intenciona tanto
que se perde o desejo

mais tranquilo
certo
não por certeza
mas por inevitável bondade
do tempo

ir
seguir
continuar
movido à dúvida
munido de desesperança
na crença do seguro

presença

sobre o quê?

presença
escorrendo
lenta
através dos corpos
debilitados

dos corpos vivos
cosidos
cortados
expostos
sinceros

e desesperados.

há que nascer!

poesia.
há que nascer
aporia.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

agora

não debruçado em janela
mas para fora de si mesmo
ao mesmo tempo
para dentro
debruçado para dentro
para encontrar a busca
que já faz tempo
orienta os olhos
e preenche
os silêncios.

este processo me puxa
sempre
ao verso
ao reverso
o verso do verso
o que há dentro

sabe?
o papo do dói
do dói muito
a língua se enrola
e redescobre o mundo
miúdo
morando dentro
do medo
descoberto.

são 30 manhãs e 30 noites
até lá
amadurecer.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Divagações sobre o VERDE, VERMELHO e AMARGO


Especulações levadas no nosso ultimo ensaio.

A partir do recorte do espaço, temos um tabuleiro onde os atores jogam o romance. Preferi chamar de um quadro, uma tela, onde se começa a traçar, riscar, pintar com os corpos e palavras o que Bartolomeu escreveu em seu livro. Voltamos à Pollock.  Assim, o espaço da cena, vira espaço onde se explode esse romance, não o ficcionalizando, mas usando o mesmo como dispositivo para os atores o expressarem de outras formas. Assim, a tela no chão, torna-se um espaço de experiência, onde o ator é capaz de, à principio, finalizar seu afeto  a cada tentativa. É uma questão de escolha clara. Existe um distanciamento dessa história, e ao mesmo tempo uma tentativa de torna-la expressa de alguma forma. Porém, a ideia é que, em nossa dramaturgia_ a da encenação, ou seja, em nossa escrita cênica_ essa possibilidade de distanciamento, de anular e recomeçar o jogo, a experiência, vá se tornando cada vez mais impossível, traçando uma progressão onde as palavras do Bartolomeu, expostas pelos próprios atores, os afetem num nível em que não seja mais possível sair dessa tela, já tão riscada. Na verdade, quando as palavras e o corpos já riscaram tanto o espaço, o risco começa a acontecer nos próprios corpos, e ai, fica mais difícil findar o jogo.
Para iniciar essa escrita, o VERDE, nosso primeiro movimento, surge como um primeiro contato dos atores com essa história. Os atores, que decidiram experienciar o romance, entram e saem desse espaço de forma livre e sem problemas. A expressão do VERDE, parece-me, a mais distanciada de todas. Assim, o corpo rabisca só com gestos (não ação).  Enquanto um narra, o outro “sofre” a palavra (expressa com o corpo). Não há afeto. E sim, expressão. É um movimento para o fora. Eles ainda não se tocam, pois não há necessidade. Assim, como o quadro referência desse 1° movimento (High Society In Top Hats Relaxing, Malevich ) , é um movimento que desenha no espaço, esboça com traços leves aquela história, mas não se aprofunda. É um movimento chapado e leve.
Ao chegar ao VERMELHO, as palavras do romance começam a tomar outra proporção, e assim, começam a penetrar mais nos próprios corpos dos atores, que por vezes, tocam-se para manterem-se firmes no jogo. Como o quadro do Miró, o corpo e a fala se duplicam, triplicam, e tomam todo o espaço. Com pequenos pontos mais concentrados de cor. Os acontecimentos se ligam, criando caminhos e sequencias. Há, na medida em que a narrativa vai saindo de uma apresentação mais distanciada, a presença de corpos e discursos mais afetados. E os corpos começam a ser mais “violentos” no seu rabisco no espaço, ainda que de forma sutil.
O quadro do Mondrian, nos traz uma concentração de cor em cada quadrado. Assim, as cores mergulham para dentro delas mesmas, sem fuga. Para fugir, é preciso romper as arestas que a prende ali. O AMARGO seria então, essa concentração de tudo que se foi, onde há dificuldade de romper essas arestas. E, ao mesmo tempo, há necessidade de que isso aconteça, para que os atores “sobrevivam” à narrativa. Assim, nessa tentativa, o rabisco no espaço, que lá no VERDE começa tímido, somente com gestos, já é um enovelar entre corpos e falas. As falas são roubadas e os corpos vivenciam novamente o que já se foi e se dão colo.  “Respiram” ali dentro mesmo, já sem conseguir se distanciar do quadrado _ tela, quadro, história _, tomado pelos rabiscos dos corpos, que fazem os atores estarem ali mergulhados a todo instante.  

Logo:
Verde
Um narra enquanto o outro expressa com o corpo ( e vice versa)
Só se utiliza gestos
Não há contato
Saídas inúmeras do quadrado
A ação do outro pouco afeta

Vermelho
Duplicação de narrativas
Duplicação de expressão com o corpo
Presença do Toque (contato)
Utilização de gestos+ ação
Manifestação sucinta de uma pequena dificuldade de findar o jogo ( sair do quadrado)
A ação do outro afeta, mas ainda consegue-se  não ser tomado.

Amargo
Contato constante tornam-se quase enovelados
Gestos + ação que não se findam
Dar colo ao outro                           
Impossibilidade de sair do quadrado.
A ação do outro interfere e modifica o lugar.
Pequenos blocos de concentração.

Enfim,

Especulações levadas no nosso ultimo ensaio.