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domingo, 26 de maio de 2013

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sem o colo da mãe


"Essa menina perdeu a mãe na guerra,
No pátio do orfanato, desenhou-a com giz e
aconchegou-se num colo que não existe mais,
deixando fora as sandálias para respeitá-la,
como manda a cultura oriental,
ao se entrar num lugar santo."


Mãe, beija aqui!



quarta-feira, 22 de maio de 2013

"Adulto: pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro de si”


Palavras-Júlia 2

Palavras Sonoras

Debruçado
Aliviar
Pele
Beijo
Atravessar
Mãe
Aroma
Amora
Arco-íris
Menino
Luar
Martelar
Embalava-me
Amores-perfeitos
Sacrificado
Sustância
Melancolia
Jabuticabas
Tripas
Miúdos
Crepúsculos
Compaixão
Irmanado
Ensaboava
Matemáticas
Rabiscado
Mar
Alegria


Palavras ícones

Unhas
Cabelos
Ossos
Fogo
Terra 
Água
Ar
Faca
Tomate
Bicicleta
Espelho
Casas
Cruz
Pipoca
Circo
Prisioneiro
Livro
Violoncelo
Coração
Torneira
Anjos
Garfo
Bife
Tesoura
Estrelas
Galinha
Trem
Vidro
Lágrimas
Sombrinha
Gato
Igreja
Fotografia
Escola
Triturador



terça-feira, 21 de maio de 2013

Palavras-Júlia




Palavras Sonoras

Maio
Pele
Afastadas
Futuro
Amanhã
Espremido
Cimento
Amor
Semente
Amora
Alma
Aturdido
Limo
Manchas
Pipoca
Violoncelo
Frio
Emanava
Pássaro
Auscultar
Miúdo
Enxágua
Polvilho
Poros
Fogão
Sombrinha
Agulha
Testa
Celulóide
Quiabo
Estômago
Retalho
Bica
Espuma
Fada
Curvada
Destino
Trem
Cruzes
Calvário
Garganta
Branca
Camuflar
Dobradiça
Deserto



Palavras Ícones

Janela
Galho
Árvore
Pássaro
Faca
Casa
Caminhão
Feijão
Tomate
Garfo
Colher
Prato
Trem
Flores
Vela
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Globo terrestre
Caco de vidro
Agulha
Alfinete
Estrela
Rio
Braço
Coração
Papai noel
Bicicleta
Torneira
Igreja
Ponte
Montanha
Mar
Sol
Circo
Peixes
Sapo
Fogo


domingo, 19 de maio de 2013

“Pássaro da Liberdade” (1975) óleo sobre madeira de Clarice Lispector



A cor da romã

Uma referência para o processo criativo.

1-  http://www.youtube.com/watch?v=glsytnUdt-E&list=PL9F299E1417699767

2- http://www.youtube.com/watch?v=7Mnc10CCXEs&feature=player_embedded#at=24


Sergei Paradjanov (1924-1990) foi um dos cineastas mais polêmicos da antiga União Soviética, mais especificamente da Geórgia, uma de suas repúblicas. Nascido em 1924, filho de armênios, o cineasta estudou pintura e canto, viveu muitos anos em Kiev, onde começou a ter problemas com a polícia e a censura.

O cineasta chegou a fazer mais dois filmes até sua morte por infarto em 1990. Mesmo com uma rica história de vida e ótimas obras, Paradjanov é praticamente desconhecido no Brasil. Seu trabalho em "A Cor da Romã" faz jus à denominação filme de arte.

Não narrativo, o filme é uma série de quadros, imagens e evocações de vários momentos da vida e obra do trovador armênio Sayat Nova. Toda a sua vida, desde a infância, passando pela residência leal, o convernto e até a sua morte, é mostrado na tela através de poemas seus.

O tempo em A Cor da Romã é o da crise existencial, não apenas a do artista que encontra na poesia uma forma sublime de expressão, mas a do próprio cinema que procura um espaço para sobreviver. O filme de Paradjanov encontra este espaço na encenação teatral, como a do corpo que encontra levemente o tecido da roupa, nós encontramos a tela e dela emerge uma história que sobrevive a partir do que sentimos – não se trata de uma proposta intelectual.


O diálogo com o espectador se estabelece também como profundidade de campo quando na cena em que livros velhos são espalhados no telhado vemos o poeta menino em meio a eles, o som das páginas ao vento é a única expressão sonora. Algo neste plano nos diz que o personagem (personificação da arte) sobrevive ao peso da história. Há uma ideia similar no plano em que a mão do poeta menino é pressionada embaixo de outros livros pela mão de um homem mais velho. Sergei Paradjanov recorre a uma representação “arcaica”, por assim dizer do teatro e da pintura, para evocar um cinema que pretende ser jovem, e com todo o cuidado da palavra, ser ele mesmo. É preciso coragem para realizar um filme como A Cor da Romã, assim como para assisti-lo, pois é o encontro com a tela que nos permite entender a liberdade.

Não é um filme fácil e dá para entender o motivo da ausência de mensagem política, ou seja, é um filme que tem a linguagem do sonho e sua pintura é, por vezes, quase surrealista. Basicamente, uma fita de vanguarda de um cineasta maldito.

Secreto, dentro de mim.

http://www.iberescena.org/phpThumb.php?src=imagen2/image/1368702957-a92fa2_f20a74c00cb2bbcdc7866740b27ffb2f_jpg_srz_980_1245_75_22_0_50_1_20_0.jpg&w=560&q=100

segunda-feira, 13 de maio de 2013

terceiro movimento _ AMARGO



Composition with red yellow blue and black

Pieter Cornelis Mondrian, geralmente conhecido por Piet Mondrian (1872 - 1944) foi um pintor holandês modernista.

segundo movimento _ VERMELHO


El bello pajaro descifrando lo desconocido a una pareja de enamorados

Joan Miró i Ferrà (1893 - 1983) foi um importante escultor e pintor surrealista catalão.

domingo, 12 de maio de 2013

primeiro movimento _ VERDE



High Society In Top Hats Relaxing

Kazimir Severinovich Malevich (1878 - 1935) foi um pintor abstrato soviético. Fez parte da vanguarda russa e foi o mentor do movimento conhecido como Suprematismo.
 

Maio de Manhãs Quentes e Vivas

curioso
é maio
é manhã
dia das mães
e diferente do romance
nada é assim tão seco
nem tão frio
quiçá morto

maio mês das mães
maio dia das mães

maio mês em que o autor
perde a sua mãe?

não é difícil de entender
em que mês se anuviou
sua vida

mesmo em maio
com manhãs
secas e frias
ele é tentado
a mentir-se

para fazer sobreviver
sua poesia
sua ousada
e já descolada dor
...

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Sobre o tempo...

Talvez o tempo não seja apenas corrosão, mas um bom e delicado anfitrião que nos acolhe antes da queda inevitável.

verde

primeiro ato
ou movimento

é a chegada
(esquece o prólogo
o epílogo)
o verde é o começo

por quê?
porque a grama era verde
eu lembro
do quintal
das árvores que desafiavam meu tamanho pequeno
o verde é o princípio
porque era a cor da casa da avó
não das paredes
mas das plantas
verde é a cor do cheiro

depois
depois eu descobri o princípio de um preto
(ainda sem nome)

verdes eram as mangas que parecem cair do céu
verde cor de sapo

verde cor de dentro
do embaraço em não saber nada
além de uma duas três quatro verdes
palavras.

jogo verde
escorrendo o gramado abaixo
verde tanto
que jogava sabão em pó na ladeira gramada do jardim
molhava com água
e escorregava sem fim
entre formigas e gramas
aos pedaços

verde até o dia em que ralei o joelho
na mesma grama verde
do quintal-palácio

ai foi quando nasceu o vermelho
vindo de dentro

o joelho lascado
mesmo com beijo da mãe (que não lembro se veio)
era vermelho
não era verde

e eis então
que começa o segundo ato
o segundo movimento
o arco se faz, enfim
dramático

quarta-feira, 8 de maio de 2013

dramática,


após quase um mês em sala de ensaio
eis que me surpreendo
olhando o óbvio
ainda não todo observado

a ação deste espetáculo
está no amadurecer

tanto da nossa obra
quanto do nosso ser

ama-dure-cer
ama-dure-ser
ser duro
amar se
ama ser
dure ama
duro ser

---

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Figuras de linguagem


As figuras de linguagem são recursos que tornam mais expressivas as mensagens. Subdividem-se em figuras de som, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de palavras.

Figuras de som

a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.
“Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”

b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.
“Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”

c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos.
“Eu que passo, penso e peço.”

Figuras de construção

a) elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.
“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de havia)

b) zeugma: consiste na elipse de um termo que já apareceu antes.
Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro)

c) polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período.
“ E sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito (...)”

d) inversão: consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase.
“De tudo ficou um pouco.
Do meu medo. Do teu asco.”

e) silepse: consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que se subentende, com o que está implícito. A silepse pode ser:

• De gênero
Vossa Excelência está preocupado.

• De número
Os Lusíadas glorificou nossa literatura.

• De pessoa
“O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha verde e mole que se derrete na boca.”

f) anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.
A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa.

g) pleonasmo: consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.
“E rir meu riso e derramar meu pranto.”

h) anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.
“ Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”

Figuras de pensamento

a) antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido.
“Os jardins têm vida e morte.”

b) ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico.
“A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.”

c) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável.
Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou)

d) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.
Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede)

e) prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada.

f) gradação ou clímax: é a apresentação de ideias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax)
“Um coração chagado de desejos
Latejando, batendo, restrugindo.”

g) apóstrofe: consiste na interpelação enfática a alguém (ou alguma coisa personificada).
“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!”

Figuras de palavras

a) metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.”

b) metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos. Observe:
Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em lugar de casa)

c) catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado.
O pé da mesa estava quebrado.

d) antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade:
...os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os Beatles)

e) sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
A luz crua da madrugada invadia meu quarto.

Vícios de linguagem

A gramática é um conjunto de regras que estabelece um determinado uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão. Acontece que as normas estabelecidas pela gramática normativa nem sempre são obedecidas, em se tratando da linguagem escrita.  O ato de desviar-se da norma padrão no intuito de alcançar uma maior expressividade, refere-se às figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não conhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem.

a) barbarismo: consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.
pesquiza (em vez de pesquisa)
prototipo (em vez de protótipo)

b) solecismo: consiste em desviar-se da norma culta na construção sintática.
Fazem dois meses que ele não aparece. (em vez de faz ; desvio na sintaxe de concordância)

c) ambiguidade ou anfibologia: trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente mais de um sentido.
O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda ou do suspeito?)

d) cacófato: consiste no mau som produzido pela junção de palavras.
Paguei cinco mil reais por cada.

e) pleonasmo vicioso:  consiste na repetição desnecessária de uma ideia.
O pai ordenou que a menina entrasse para dentro imediatamente.
Observação: Quando o uso do pleonasmo se dá de modo enfático, este não é considerado vicioso.

f) eco: trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.
O menino repetente mente alegremente.


Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura