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domingo, 19 de maio de 2013

A cor da romã

Uma referência para o processo criativo.

1-  http://www.youtube.com/watch?v=glsytnUdt-E&list=PL9F299E1417699767

2- http://www.youtube.com/watch?v=7Mnc10CCXEs&feature=player_embedded#at=24


Sergei Paradjanov (1924-1990) foi um dos cineastas mais polêmicos da antiga União Soviética, mais especificamente da Geórgia, uma de suas repúblicas. Nascido em 1924, filho de armênios, o cineasta estudou pintura e canto, viveu muitos anos em Kiev, onde começou a ter problemas com a polícia e a censura.

O cineasta chegou a fazer mais dois filmes até sua morte por infarto em 1990. Mesmo com uma rica história de vida e ótimas obras, Paradjanov é praticamente desconhecido no Brasil. Seu trabalho em "A Cor da Romã" faz jus à denominação filme de arte.

Não narrativo, o filme é uma série de quadros, imagens e evocações de vários momentos da vida e obra do trovador armênio Sayat Nova. Toda a sua vida, desde a infância, passando pela residência leal, o convernto e até a sua morte, é mostrado na tela através de poemas seus.

O tempo em A Cor da Romã é o da crise existencial, não apenas a do artista que encontra na poesia uma forma sublime de expressão, mas a do próprio cinema que procura um espaço para sobreviver. O filme de Paradjanov encontra este espaço na encenação teatral, como a do corpo que encontra levemente o tecido da roupa, nós encontramos a tela e dela emerge uma história que sobrevive a partir do que sentimos – não se trata de uma proposta intelectual.


O diálogo com o espectador se estabelece também como profundidade de campo quando na cena em que livros velhos são espalhados no telhado vemos o poeta menino em meio a eles, o som das páginas ao vento é a única expressão sonora. Algo neste plano nos diz que o personagem (personificação da arte) sobrevive ao peso da história. Há uma ideia similar no plano em que a mão do poeta menino é pressionada embaixo de outros livros pela mão de um homem mais velho. Sergei Paradjanov recorre a uma representação “arcaica”, por assim dizer do teatro e da pintura, para evocar um cinema que pretende ser jovem, e com todo o cuidado da palavra, ser ele mesmo. É preciso coragem para realizar um filme como A Cor da Romã, assim como para assisti-lo, pois é o encontro com a tela que nos permite entender a liberdade.

Não é um filme fácil e dá para entender o motivo da ausência de mensagem política, ou seja, é um filme que tem a linguagem do sonho e sua pintura é, por vezes, quase surrealista. Basicamente, uma fita de vanguarda de um cineasta maldito.

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